Depois de muita espera, especulações e tratativas, o Brasil finalmente enviou sua primeira carga de milho à China. Na quarta-feira da semana passada, quase 70 mil toneladas do cereal partiram do porto de Santos (SP) rumo ao país asiático, enviadas pela trading chinesa Cofco International. A tendência é de que os embarques cresçam, mas, para isso, o Brasil deve passar por um verdadeiro "teste de fogo".

Para Sérgio Mendes, diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), a abertura do mercado chinês de milho é um marco para o agronegócio do Brasil, consolidando o país como um dos maiores exportadores de grãos do mundo. Mas ele alerta que os brasileiros terão que redobrar a atenção para as questões fitossanitárias.

"A 'lupa' da China é grande. Eles têm exigências muito peculiares, vão olhar com todo o rigor para a nossa mercadoria e esperam que a nossa qualidade seja, no mínimo, satisfatória. Vejo essa como a principal preocupação dos exportadores neste momento. Precisamos reforçar todos os cuidados para que não se repita o que aconteceu com a soja em 2004", lembra Mendes.

Naquele ano, a China suspendeu por mais de dois meses as importações da oleaginosa brasileira, alegando ter encontrado vestígios do fungicida Carboxin nas sementes destinadas ao consumo humano. Cálculos do Ministério da Agricultura e de entidades do setor estimaram um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão com a suspensão das vendas. Como informou o Valor em agosto, o que mais preocupa os chineses nas importações de milho é o míldio, doença provocada por organismos parecidos com fungos.

No entanto, a China abriu mão do monitoramento das lavouras brasileiras para essa praga para os primeiros embarques. Assim, a exigência no controle da praga ficou para as exportações em 2023. "Trabalhamos de maneira árdua para conseguir, junto com o Ministério da Agricultura, a liberação desse protocolo. Seria uma conquista impossível dez anos atrás, mas agora que ela veio não podemos descuidar", reforça o diretor da Anec. Mendes não faz previsão do volume de exportação até o fim do ano e diz que o aumento dos embarques em 2023 dependerá da qualidade do produto que vai chegar ao país asiático.

"Com o decorrer do tempo, sem nenhuma surpresa com a expectativa do importador, podemos chegar a 2 milhões de toneladas e depois passar para 4 milhões", afirma. Além do navio embarcado na última quarta, a agência marítima Alphamar diz que mais dois navios, com cerca de 70 mil toneladas cada, sairão do porto de Santos (SP) neste mês com destino aos portos chineses. Outras duas embarcações aguardam confirmação para atracar na China em dezembro, todas contratadas pela Cofco, segundo Arthur Neto, diretor da Alphamar.



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